sábado, 30 de outubro de 2010
R$ 327 mil são sacados irregularmente de Lago Verde
A Polícia Federal apreendeu, na tarde dessa sexta-feira (29), às 14:30, mais de R$ 327 mil sacados irregularmente das contas do município de Lago Verde, na agência do Banco do Brasil de Bacabal. O dinheiro é de recursos federais, estaduais e municipais. Além do valor em espécie, foram encontrados com o tesoureiro e um funcionário da prefeitura, 28 talões de cheques da prefeitura e alguns cheques em branco já com a assinatura do prefeito de Lago Verde, Raimundo Almeida. Os dois homens, flagrados pela PF, foram trazidos para a sede da PF no Maranhão, em São Luís, onde prestaram depoimento durante a madrugada.
De acordo com as informações do delegado Pedro Meireles, que comandou a operação, foram utilizados mais de 40 cheques para fazer os saques de várias contas do município. “Para burlar a fiscalização da PF e da Controladoria Geral da União, que têm um sistema de monitoramento dos cheques utilizados pelas prefeituras, eles fizeram vários cheques com valores pequenos, de R$ 1 mil, R$ 1,5 mil, até chegar a quantia total. Eles rasparam as contas municipais, mas ainda não sabemos para quê", declarou Pedro Meireles. A PF procurou pelo prefeito Raimundo Almeida, para que ele desse esclarecimentos, mas não o encontrou.
A operação realizada nessa sexta-feira resultou de um inquérito que já vinha apurando denúncias de saques irregulares feitos pelas prefeituras.
Segundo as denúncias, esses saques eram sempre feitos nos dias 10, 20 e 30 de cada mês. Por volta das 12h de ontem, dia 29, o tesoureiro de Lago Verde, Alex Cruz Almeida, filho do prefeito, e o funcionário Eudisvan Lima estiveram na agência do Banco do Brasil de Bacabal e fizeram, além dos saques, transferências e depósitos em diversas contas. Logo depois, a PF flagrou-os com o dinheiro, cheques e alguns documentos, já no carro, em direção ao município.
“O valor total do que foi utilizado irregularmente pela prefeitura ainda não se tem, já que eles fizeram as transferências e depósitos. Somente depois de apurarmos tudo poderemos dizer quanto era e para que esse dinheiro seria usado, ainda mais num fim de semana de eleição”, destaca o delegado Pedro Meireles. O valor em espécie de R$327.792,00 estava trocado em cédulas de 100, 50, 20, 10, 5 e 2 reais.
Representando o município, o advogado Williame Santos afirmou que o dinheiro sacado pelo tesoureiro e pelo funcionário da prefeitura seria utilizado para o pagamento de outros funcionários da Prefeitura de Lago Verde, já que no município não há agência bancária. “Isso é um procedimento comum, não só em Lago Verde, mas em outros municípios. Nós iremos adotar os procedimentos legais para que esse dinheiro apreendido pela polícia volte para a população de Lago Verde”, disse. Sobre a localização do prefeito, o advogado afirmou que ele deve estar “tratando de assuntos políticos, já que domingo tem eleição e ele deve estar buscando apoio para o seu candidato”.
De acordo com a Polícia Federal, os responsáveis, incluindo o gestor do município, responderão por crimes determinados pelo Decreto-Lei nº 201, já que recursos não podem ser sacados, e os pagamentos só devem ser feitos por ordem bancária.
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