Dida Sampaio/Estadão
"Governo pretendia comprar 1,4 tonelada de três variedades de feijão por quase R$ 10 mil"
Em
meio à barbárie na segurança pública do Maranhão, o governo Roseana
Sarney (PMDB) decidiu nessa quarta-feira, 8, adiar licitação que estava
marcada para esta quinta-feira, 9, e sexta-feira, 10, para a compra de
alimentos por R$ 1,1 milhão para abastecer as residências oficiais em
2014. Entre os produtos, havia lagosta e caranguejo.
A
informação do adiamento foi dada ontem no site da Comissão Central de
Licitação do Maranhão. São dois editais com 351 itens ao todo. Segundo
informações do jornal Folha de S.Paulo, na lista estão 2,4 toneladas de
camarão, 80 quilos de lagosta fresca e 750 quilos de patinhas de
caranguejo. Também havia previsão para a compra de 50 potes de foie gras
e R$ 108 mil em ração para peixes. Os alimentos vão para as dispensas
do Palácio dos Leões, sede oficial do governo, e para a residência de
veraneio.
O edital de alimentos não perecíveis exige que os
alimentos devem ser de "primeira qualidade e de marca conhecida
nacionalmente". Estavam previstos gastos de R$ 930 com 30 potes de
geleias de pimenta e outros 60 de geleias "francesas" nos sabores
cassis, morango e pêssego. A licitação também listou a intenção de
comprar 30 quilos de castanha portuguesa, ao custo total de R$ 2,3 mil,
outros 100 quilos de castanha de caju "natural torrada e selecionada",
por R$ 5,2 mil, e ainda 50 quilos de castanha do Pará "sem casca", por
R$ 2,9 mil.
"A contratação de empresa especializada no
fornecimento de gêneros alimentícios perecíveis para as residências
oficiais do governo do Estado tem por finalidade atender à demanda de
alimentação da governadora, seus familiares e da Casa Civil por um
período de um ano", justifica o governo estadual no próprio edital.
Até
mesmo em itens mais de uso cotidiano, as quantidades e gastos chamam a
atenção. O governo pretendia comprar 1,4 tonelada de três variedades de
feijão: mulata gorda, preto e sempre verde. Só com esses grãos, o custo
estimado no pregão era de quase R$ 10 mil. No edital ainda estava a
compra de 2,5 mil garrafas de 1 litro de guaraná Jesus, 50 caixas de
bombom e 30 pacotes de biscoito champanhe.
O custo total de R$ 1,1
milhão corresponde a 3.113 vezes a renda per capita média de quem mora
no Maranhão, Estado brasileiro com o pior indicador. Segundo o Atlas do
Desenvolvimento Humano de 2013 divulgado pelo Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (Pnud), os maranhenses têm renda de R$ 360,34 - a
média nacional é de R$ 793,87.
Festejos. Mesmo diante da crise, o
governo Roseana queria garantir os festejos do fim do ano. O Estado
também planejava comprar 300 unidades de panetones para abastecer as
despensas das residências oficiais da governadora. A previsão era gastar
R$ 4.425 com as caixas de panetone.
Procurado ontem, o governo do Maranhão não comentou as licitações para compra de alimentos.
Entenda a crise no Estado:
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