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Entre os forrozeiros, um coração bate mais forte. São ordens médicas, cobradas em todas as consultas.
“Dançar é a única que faço. Tem que ser feita mesmo, toda semana”, disse Eduardo Batista ao médico.
“É um exercício que vale a pena fazer e que melhora a sua resposta cardio-vascular, lipidio, a glicemia também melhora”, comentou Carlos Jasse, cardiologista.
O coração de Eduardo quase parou, há dez anos. Ele sofreu um infarto agudo no miocardio e dois anos depois teve um novo episódio de angina.
“Foi quando nós indicamos que ele tinha que modificar a vida, fazer atividade física regular”, revelou o cardiologista.
Ainda bem que a mulher de Eduardo não é ciumenta. Ele se se arruma todo em casa, calça o sapato branco e põe perfume até no chapéu.
Vaidoso, ele está pronto para cair no forró. Antes, o beijo de despedida da esposa
“Eu libero ele para ir dançar. É para o bem dele. Não fico com ciúmes”, contou a dona de casa Rosa Maria Batista.
Com o aval da esposa e do médico, ele segue de carro, com motorista, sem hora para voltar.
O gerente de vendas Eduardo Batista está chegando à sala de reboco, o local onde ele dança duas a três vezes por semana, há 12 anos. Ele chega a convidar mais de vinte mulheres para dançar, a cada noite.
Ele é bem conhecido. Fala com todo mundo e sai batendo palma para convidar a primeira dama da noite. Procura sempre as mais jovens.
Até as meninas cansam. Despedem-se com beijinhos. E ele sai a procura de mais uma parceira. Eduardo é incansável.
É neste ritmo que Eduardo trata o coração. Suando, se divertindo. Nunca mais teve problemas de saúde.
“Há 90 minutos que você dança sem parar. Como você consegue tanta resistência?”, perguntou Francisco José.
“A receita deu certo e eu recomendo para todo mundo. Venha procurar o forró, que você tira o estresse, não tem depressão, não tem nada”, respondeu o gerente de vendas Eduardo Batista.
Eduardo não gosta de dançar em outros ritmos. E como dizia Luiz Gonzaga: arrasta os pés até o dia clarear. Deixando muita gente com inveja, querendo adotar esse remédio para o coração.
A vida destas mulheres passou por uma transformação e tanto, depois que cada uma delas se entregou à dança e ao forró. A aposentadoria deixou de ser sinônimo de depressão, sedentarismo, isolamento e a rotina ganhou um ritmo bem mais animado.
Dona Augusta, aos 67 anos de idade, trabalha como funcionária pública e voltou a estudar. Tanta disposição rendeu um apelido: Cebolinha Quente.
“O que a médica da senhora diz?”, perguntou a repórter Beatriz Castro.
“A médica diz: ‘Dona Augusta, a senhora é uma atleta’”, contou Augusta
Tal mãe, tal filha. Aos 84 anos de idade Dona Maria de Lourdes, não quer saber de parar. E ainda trouxe a filha.
“Tem passos, no xaxado mesmo, que eu canso e ela ainda continua”, contou a agente de saúde Elisa Lopes dos Reis.
José Augusto, de 63 anos vivia deprimido sem ter o que fazer dentro de casa. Mas agora, a história é outra. Ele é disputado pelas mulheres. Mas a parceira oficial, a esposa Dona Dejanete está sempre na marcação.
“É um ciúme porque todas as mulheres querem agarrar ele. Mas a gente diz: ‘calma, Dona Dejanete, são tudo amigas’”, afirmou a aposentada Josefa Oliveira Santos.
Cercado de mulheres, música e dança, ele não quer outra vida.
“Recomendo pra qualquer pessoa, porque o coração e a mente agradecem”, completou José Augusto.