RIO – Hugo Chávez designou Nicolás Maduro seu herdeiro político, mas é certo que a influência de sua família na política venezuelana não vai desaparecer tão cedo. Num clima de comoção ainda forte devido à morte recente do governante, Jorge Arreaza, genro de Chávez e ministro de Ciência e Tecnologia, foi indicado vice de Nicolás Maduro na noite de sexta-feira, estreitando os vínculos entre o novo presidente e a família de seu antecessor. E com uma eleição batendo à porta, o sobrenome Chávez se torna um cabo eleitoral de peso.
- Maduro não vai se afastar da família de Chávez. Ele vai manter os vínculos – explica o analista político venezuelano Manuel Malaver sobre o presidente interino, que deve se lançar candidato. - Ele não sabe administrar conflitos como Chávez. Vai ser um presidente refém do apoio do Exército, o que pode causar um estranhamento com a Guarda Nacional e a Marinha. Precisa de todo o apoio possível.
Chávez teve quatro filhos - Hugo, Rosa Virginia, María Gabriela e Rosinés - mas nenhum deles mostrou interesse por política até agora. Huguito costuma ser descrito como problemático. Rosa Virginia e María Gabriela fizeram as vezes de primeira-dama, depois da segunda separação do pai. Os venezuelanos chegaram mesmo a especular uma carreira política para a primeira, que é casada com Arreaza, mas isso nunca se concretizou. As duas foram muito presentes durante a doença e conquistaram a simpatia do povo. A mais nova, Rosinés, tem 15 anos, e é fruto do casamento com a jornalista Marisabel Rodríguez, que chegou a ser deputada, mas que depois da separação se converteu numa das principais críticas do governo e do ex-marido.
O sobrenome, no entanto, continua forte em Barinas, o estado que já foi governado pelo pai, Hugo de los Reyes Chávez, e que agora é administrado pelo irmão mais velho, Adán. Ex-embaixador em Cuba e ex-ministro da Educação, Adán é outro nome considerado próximo a Maduro.
- É preciso lembrar que há vários outros integrantes da família em posições-chave em cargos públicos, na estatal de petróleo - lembra Malaver.
São irmãos, primos e sobrinhos que durante os 14 anos de governo de Chávez consolidaram posições no Estado venezuelano. Entre os irmãos, Argenis é secretário de Estado; Narciso coordena o convênio de saúde entre Venezuela e Cuba; Aníbal é prefeito de Alberto Arvelo Torrealba; e Adelis é vice-presidente do banco Sofitasa.
Asdrúbal Chávez, primo do presidente morto, é o vice-presidente da poderosa PDVSA, a companhia estatal de petróleo venezuelana, e vice-ministro de Energias. E pelo menos dois sobrinhos ocupam posições de destaque: Cléver, filho de Narciso, dirige os programas sociais de Barinas, enquanto Enzo, filho de Adán, é um dos gerentes da PDVSA.
- Chávez sempre foi uma pessoa muito ligada à família, e suas filhas são populares. Mas vai ser muito difícil ver uma delas numa disputa eleitoral. O legado deve ficar a cargo de Adán e Arreaza mesmo – conclui Malaver
o globo.com
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